sexta-feira, 30 de março de 2012

Farinha do Mesmo Saco


Tenho pensado muito nestes dias em que estamos vivendo. Não dá para ignorar o estado crescente de incredulidade e de oposição a Deus por parte de diversos segmentos da sociedade moderna. E, nesta esteira rebelde, é notório o recrudescimento do ateísmo em todos os lugares. Mas, não é um ateísmo ideológico ou filosófico - aquele do tipo "Deus não existe!" - mas sim, um ateísmo confuso e revoltado, do tipo "se Deus existe, por que permite tais coisas?". Isso é deveras preocupante!
E tenho comigo um sentimento de que o fator agravante deste quadro de rebeldia tem no mau testemunho de muitos que se dizem crentes o seu maior aliado. Tenho razões para crer que a falta de responsabilidade e de comprometimento de inúmeros "cristãos", cuja vida não demonstra frutos de transformação, está promovendo uma crescente onda de rejeição ao Evangelho da Graça. Sei que não é de hoje que isso acontece; todavia, nos dias atuais, o nível de escândalos já passou do limite!

E o pior em tudo isso é que diversos líderes que se dizem "servos de Deus" - com seus interesses sem amparo bíblico e nem sempre recomendáveis - estão colocando a Igreja de Cristo sob suspeita. Quando os tais não estão vendendo "não-sei-o-que", usando e abusando do nome de Deus e de Sua Igreja; aproveitam sua visibilidade para exibir seus lamentáveis conflitos e divergências em horário nobre - levados por desejo de vingança ou por sentimento de ciúme. E isso parece não ter fim!
Com angústia, tenho percebido que - quando um líder evangélico é acometido de cegueira espiritual - começa a se desviar do Caminho e a manifestar sinais de demência espiritual no trabalho que faz. E aqueles que chegam a este ponto, parecem não se aperceber do mal que fazem ao "Corpo de Cristo". Não os acuso de serem os culpados pelos fatores que promovem toda esta confusão; Porém, os fatos indicam que são responsáveis pelo seu agravamento - tanto diante dos homens como diante de Deus!

No entanto, mesmo em ambiente degenerado e hostil, cabe ao verdadeiro cristão e à verdadeira Igreja perseverar no Senhor - sem esmorecer - sendo santos no viver e discretos no falar e julgar. E mesmo assim, ainda corremos o risco de sermos considerados "farinha do mesmo saco" por aqueles que nos rodeiam; em vista de - seja para o bem ou seja para o mal - qualquer um nos dias de hoje, por razões nem sempre claras, se rotular a si mesmo de cristão. Que o Senhor tenha misericórdia!

Cordialmente;
Bispo Calegari

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sagrado e profano

Na década de 1960, Paul van Buren e A. T. Robinson notaram que “a religião estava fazendo concessões aos titãs da cultura secular” e, na sua luta para escapar da obsolescência, estava se tornando mais semelhante à sociedade em geral.
O neopentecostalismo surge num momento em que as fronteiras entre sagrado e secular estão cada vez mais diluídas. No esforço eclesiástico de dar sentido ao conteúdo bíblico para as novas gerações, os tradicionais limites que separavam a igreja de um modelo cultural secular foram progressivamente apagados, levando a um processo de nivelamento entre o sagrado e o secular.
As igrejas cristãs contemporâneas reforçam a prática de sacralizar o profano, o que é visto em eventos como o “Carnaval de Jesus”, a “balada gospel” ou a “rave gospel”. O sociólogo da PUC-Campinas, Luiz Roberto Benedetti, entende que essa postura das igrejas revela que “há, aqui, mais do que transposição, um nivelamento entre sagrado e profano” (As Religiões no Brasil, p. 132).
Em seu trabalho de reforma espiritual da sociedade, vemos as igrejas atuais cada vez mais afeitas à mimetização de eventos musicais seculares. Muitas vezes, elas acabam assimilando o mesmo efeito de tantos espetáculos de entretenimento: muita música, muito som alto, muito marketing, muita diversão.
As cidades recebem apenas o impacto de multidões, movendo-se de um logradouro público a outro, de uma inauguração de igreja a outra, de um show a outro show. Levados à igreja supostamente pela música, os novos conversos são deixados à margem do estudo da Bíblia e sobrevivem espiritualmente pela graça de Deus e pelo poder dos chavões de cura, unção e prosperidade.
No entanto, vejo que, apesar da sinceridade que possa existir, muito músico intitulado levita tem brincado perigosamente na fronteira entre sagrado e profano. Essa fronteira é distinta daquela entre secular e sacro. O secular pode manifestar valores cristãos implícitos. O profano revela-se abertamente anticristão.
Veja o que diz a letra de “Ofertório”, de Adriano Gospel Funk:

Tem ofertante dizimista aqui? / Se tem, dá um grito
Tem mão de onça? / Se tem, vai ser queimado agora
Mano para de “caô” e deixa de ser enrolão
Se você não é dizimista “pode crer” tu é ladrão

A canção “Ofertório” apresenta características ligadas ao funk carioca, como humor descontraído, linguagem coloquial, tratamento irreverente de temas mais sóbrios e estrutura rítmica dançante. Em contraste com a seriedade e a solenidade que marcam as composições feitas para o tradicional recolhimento de dízimos e ofertas nas igrejas protestantes históricas, essa canção denota uma ambiguidade que apaga a seriedade da mensagem, já que seu teor humorístico confunde os limites tradicionais entre sacro e secular, a ponto de não ser possível definir imediatamente se a canção pretende incentivar ou satirizar a doutrina.
No mesmo espírito, o hit “Créu” foi adaptado para “Céu”. É como se batizassem a canção original e agora ela fosse capaz de emitir significados altamente espirituais e cristãos. Mesmo quem não pertence oficialmente a uma igreja, se permite fazer uma paródia gospel de sucessos seculares.
Não culpem os satiristas. Quem começou com isso foram os próprios evangélicos.
O hit do momento “Ai, se eu te pego” tem agora uma versão gospel chamada “Deus, eu te quero”. O compositor de tal paródia vai dizer que esta é uma forma de chamar atenção para o evangelho, mas muitos cristãos dirão que tal versão é mais um episódio do infindável catálogo de vexame gospel. E mesmo quem não crê no evangelho dirá que se trata de mais uma performance típica de um evangelicalismo intelectualmente decadente.
E ainda tem gente que acha que não importa como a mensagem seja pregada, o importante é pregar a mensagem! Pobre de nosso evangelismo que perdeu até os bons modos.
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Extraído do site Púlpito Cristão

Artigo de Joêzer Mendonça que é músico e doutorando em musicologia na Unesp. É autor do blog  Nota na Pauta.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Novas denúncias contra o pastor Marcos Pereira



Novas denúncias ligam o pastor Marcos Pereira à violência sexual e ao  tráfico
Ex-pastores da ADUD e dezenas de pessoas foram à delegacia denunciar o líder de diversos crimes.
Depois que José  Júnior, diretor da ONG AfroReggae foi à polícia denunciar o pastor Marcos  Pereira, da Igreja Assembleia  de Deus dos Últimos Dias, a polícia recebeu dezenas de outras denúncias que  não só ligam o pastor ao tráfico do Rio de Janeiro como também o acusam de  outros crimes.
A revista Veja fez uma reportagem especial sobre o caso depois que teve  acesso a partes dos depoimentos que dizem que além de forjar “curas” de  traficantes o pastor Marcos  Pereira também teria abusado sexualmente de mulheres e maltratado uma  criança.
Os relatos são de ex-membros da ADUD, entre eles pastores que estiveram do  lado de Pereira presenciando muitos desses encontros com traficantes. “Ele  queria que os bandidos tivessem até explodido a Ponte Rio-Niterói. O objetivo  era aparecer depois como o intermediário salvador”, conta uma testemunha que não  foi identificada.
A mesma pessoa relata ainda que o pastor visitava os presídios e combinava as  ações das quadrilhas. “Marcos foi ao presídio de Bangu 1 e saiu de lá com um  recado dos chefões do tráfico para que suas quadrilhas dessem sequência à  carnificina”, rememora. Como sabe disso? “O pastor me encarregou de repassar a  ordem nas favelas. E foi o que eu fiz.”
Dezenas de pessoas engrossam o inquérito policial de número 902-00048/2012  que está sendo investigado pela Delegacia de Combate às Drogas do Rio de  Janeiro. José Júnior, o primeiro a quebrar o silêncio, disse que o fundador da  ADUD “é um psicopata” acusando-o de encomendar sua morte. Um ex-pastor também  disse que foi ameaçado de morte por Pereira e que chegou a ter um fuzil  esfregado em sua cara por traficantes que pronunciaram o nome de Marcos.
Maltrato de crianças e abuso sexual de mulheres
Duas mulheres testemunharam contra o líder religioso dizendo que foram  violentadas sexualmente por ele e que isso aconteceu diversas vezes. Uma delas  afirma também que o pastor a obrigava a manter relações com outros homens em  orgias das quais também participava.
Além disso, também relatam que uma criança de sete anos teria foi maltratada  por Pereira depois de presenciar, casualmente, uma dessas peripécias sexuais e  que por isso teve sua cabeça lançada no vaso sanitário.
As investigações contra o líder da ADUD estão apenas no início e colocam em  cheque um ministério que foi destaque por muitas vezes nas mídias seculares, uma  vez que Marcos Pereira jurava que curava viciados, traficantes e bandidos.  “Ele dava dinheiro a viciados para comprarem droga, filmava a turma em  degradação e depois levava para a igreja, como se os estivesse salvando”, denuncia um ex-assessor do pastor.
Fiéis da ADUD são proibidos de beber refrigerante, assistir televisão, ouvir  rádio e tomar remédios já que em seus cultos é pregada a cura divina. Fundada em  1989 a Assembleia de Deus dos Últimos dias tem sua sede no Rio de Janeiro e  filiais no Paraná e no Maranhão.

extraído do blog Pulpíto Cristão